Maus-tratos em casa levam crianças a fugir da família e irem para os lares

21/10/2011 21:06

Crianças do Lar Kuzola ouviram no sábado de jovens tocoístas a palavra do Senhor

 

Fotografia: João Gomes

Os maus-tratos e a discriminação são os factores principais que levam muitas crianças de Luanda a abandonarem as suas casas para viverem em lares de acolhimento.
O Jornal de Angola apurou no sábado que, no Lar Kuzola, a maior parte das crianças tem pais vivos, mas é rejeitada por possuir uma deformação congénita ou problemas psíquicos.
O jovem Michel Ndombasi, de 15 anos, foi acusado de feitiçaria pela madrasta, com quem vivia no bairro Golfe e preferiu abandonar a casa do pai a suportar os maus-tratos que lhe eram infligidos. O Lar Kuzola é o seu novo lar, porque não tinha em Luanda outro sítio para morar, uma vez que a mãe vive na província do Uíge e nunca mais teve notícias dela.
"Tudo o que acontecia de errado em casa do meu pai era culpa minha. A minha madrasta chamava-me bruxo. Ela pôs toda a família contra mim. Ninguém me protegia e sentia que estava sozinho no mundo", disse o adolescente.
Joaquim Miguel tem nove anos e, apesar das suas limitações, soube explicar ao Jornal de Angola que era discriminado pela família e até maus-tratos recebia. "Em casa era olhado como um animal, ninguém se importava comigo. Era difícil a convivência. Por esse motivo fugi de casa e fui apanhado pelo Polícia na rua, que me trouxe ao Lar Kuzola", revelou o pequeno.
No sábado, a igreja Tocoísta fez uma doação de material didáctico e bens alimentares ao Lar Kuzola, em Luanda. O gesto vem de um plano de acção da juventude da igreja Tocoísta, que consiste em ajudar os mais necessitados. O núcleo da juventude tocoísta em Luanda faz visitas a lares de acolhimento, a hospitais e a centros prisionais.
"O mais importante para nós é dar carinho e demonstrar afecto a essas crianças, que são o futuro deste país", disse o líder juvenil da Igreja Tocoísta.
 

Luindula Lukoki referiu que é preocupação da Igreja saber o estado de saúde das crianças e como estão psicologicamente.
O Conselho da Juventude Tocoísta é constituído por 16 paróquias espalhadas por todo o país e conta com 170 membros.

Acção filantrópica

O amor ao próximo é a acção visível do trabalho voluntário que o jovem Edilson de Almeida faz no Lar Kuzola: ministra aulas de capoeira às crianças. A intenção é mantê-las mais ocupadas e entretidas. "Faço este trabalho sem fins lucrativos porque sinto muito por estarem a crescer distantes das suas famílias", sublinhou. 
"Como pai que sou, procuro dar calor àqueles que necessitam e a única forma que tenho para contribuir é dar aulas de capoeira, um exercício que tem motivado bastante as crianças, porque a ideia é mantê-las ocupadas o maior tempo possível".
Edilson defendeu também a inclusão de mais desporto nos lares de acolhimento, uma vez que muitas crianças fogem dos lares por se sentirem carentes. Com a realização de várias actividades ganham mais motivação para ultrapassar as dificuldades que enfrentam, afirmou o jovem altruísta.

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