Considerações do Júri sobre o Prémio Nacional de Cultura e Artes

21/10/2011 20:47

21-10-2011 20:41

Considerações do Júri sobre o Prémio Nacional de Cultura e Artes



Luanda – O corpo de Júri da edição 2011 do Prémio Nacional de Cultura e Artes apresentou nesta sexta-feira, em Luanda, os vencedores das distintas categorias, bem como as respectivas considerações sobre os vencedores no seu relatório final cujas justificativas abaixo se apresentam.
 
Na categoria de literatura, a escritora Maria Eugénia Neto venceu pela sua contribuição e persistência na valorização da literatura
infanto-juvenil, numa altura em que se procura, cada vez mais, promover o gosto pela leitura, reflexão e espírito critico, sobretudo
no seio das novas gerações.

 

De acordo com os júris, Maria Eugénia Neto está entre os precursores deste género em Angola, continuando a dar um laborioso e fecundo contributo, depois da publicação da primeira obra E nas Florestas os Bichos Falaram.

 
O júri considera que a poesia de Maria Eugénia Neto, além de constituir uma saudosa e angustiante evocação da imagem de Agostinho Neto (1º presidente de Angola, e seu esposo), mantém um forte vinculo de intertextualidade com a obra Sagrada Esperança, problematizando aquilo que o social busca problematizar.
 
Por sua vez, o Ballet Tradicional venceu pelo conjunto da sua obra, pela trajectória de 27 anos ininterruptos, de persistência artística no domínio da dança tradicional e popular recreativa.
 
O júri considera ainda que o grupo mereceu distinção pela divulgação da cultura nacional em certames e festivais internacionais, tendo, em alguns casos, ganho prémios.
 
Considerou-se também a sua forma estrutural de grupo-academia de dança tradicional, e por constituir representações para a divulgação da dança no território nacional, bem como no exterior.
 
Na disciplina de música, João Morgado, conhecido percussionista com mais de 50 anos de carreira activa, ininterrupta, foi considerado, pelo respeito que granjeia de várias gerações dos centros urbanos de todo o país e além-fronteira.
 
O júri considera, em seu relatório, que João Morgado é detentor de uma qualidade irrepreensível, assente numa sensibilidade e criativa impar no país. Diz que a síncope rítmica que, até aos dias de hoje marca a cadência do Semba – musica popular angolana – é obra brotada do génio do galardoado. 
 
Na área de cinema e audiovisuais, a Tomas Ferreira, foi-lhe considerado a responsabilidade, abnegação, rigor, seriedade e determinação, tendo em consideração os valores mais supremos da cultura nacional.
 
“Os trabalhos Stop Sida e Angola Chama-te, ilustram bem a capacidade criativa deste realizador, a pensar Angola sempre com a visão sócio-política e cultural”, considera o relatório do júri.
 
Refere ainda que o realizador usou a televisão de uma forma extraordinária. O júri considera que Tomás Ferreira, ao recorrer a vários géneros, construiu uma simbiose entre factos institucionais e a ficção, criando um entrosamento perfeito entre a técnica e plástica, prestando valioso contributo à valorização da identidade cultural angolana.
 
“É de reconhecer o impacto positivo do magazine Stop Sida e os seus benefícios para a sociedade.
 
O grupo Vozes de África, da província do Huambo, foi consagrado pelo esforço que tem vindo a desenvolver para manter vivo o teatro na região, transformando-se num caminho incontornável para o surgimento de novos grupos na comunidade.
 
De acordo com o júri, a sua regularidade na realização de espectáculos confere-lhe o título de grupo com a segunda maior dinâmica de exibições no país há mais de dez anos.
 
O júri refere que o grupo mostrou competência organizativa ao realizar, pela quarta vez consecutiva, o festival inter-provincial de teatro Vozes de África, o que lhe mereceu o reconhecimento do Ministério da Cultura.
 
O pintor Mendes Ribeiro venceu pelo elevado valor artístico do conjunto da sua obra, desenvolvido ao longo de 37 anos de carreira, dando um forte contributo ao desenvolvimento das artes em Angola.
 
Vladimiro Fortuna venceu pela obra Angolanos na Formação dos Estados Unidos da América (EUA), pela relevância, a pertinência e o interesse que o livro representa para o estudo científico da historiografia angolana sobre o quotidiano da diáspora nesta região do globo.
 
O júri considera que a publicação pode ser um incentivo e um modelo, para que outros investigadores possam alargar a reflexão e o estudo a outras áreas que reclamam divulgação, visando o enriquecimento da historiografia angolana.


 

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